quarta-feira, 30 de junho de 2010

Puta-feia-gorda

O leite, o presunto, o pão
A bolacha cream-cracker, a manteiga ou o requeijão
Sempre me recebem bem quando chego em casa depois de não ter comido nada na passada noite de cão.

Ambíguas Ambigüidades.

Descarto aquele cara que conheci no metrô e que estava sentada ao lado de uma freira.
Descarto-o como o cigarro que comecei a fumar.
Ele não me merece mesmo.

Minha vó chama isso de mau-costume.

Já ta virando rotina, todo dia na hora do almoço eu desço dois andares e aperto a campainha:
(barulho de campainha tocando)
-Oi dona Rosa, pode me dar um pouco da sua pimenta? fiz um feijão MA-RA-VI-LHO-SO, mas não tenho aquela braba...
-Entre minha filha, pegue La, tem a murupi, malagueta, é só escolher...
Desço feliz, esse almoço vai ser bom e amanhã quando eu for a feira comprarei as minhas pimentas pra fazer um molho MA-RA-VI-LHO-SO
Noutro dia a história se repete, só muda o prato principal...
-oi dona Rosa, é que hoje eu fiz uma calderada de peixe e não é que esqueci de comprar as pimentas...
-Pegue La minha filha, quer um pouco do meu feijão MA-RA-VI-LHO-SO pra você comer com seu peixe?
-NÃO, obrigada viu, não gosto de feijão com peixe.
Saio sem graça e noutro dia compro minhas pimentas e faço um molho MA-RA-VI-LHO-SO.

O cara que tem uma praia.

Ela o beijou ao sair do carro. Acha ele lindo, mas claro que não foi só por isso que o beijou.
Doce, encantador, incrível.Ele a adora, diz isso o tempo todo, delira quando ela sorrir, fica estático quando ela chega, não se acha capaz de ter uma mais bela, ainda não encontrou ninguém que se equiparasse a ela.
Mas aquele cara, aquele cara transpira amor, e eles combinam até no signo. Ela sempre teve a chance de tê-lo. Sempre algo lhe impediu: outras garotas, outros caras que ela queria, as drogas que ela usava, a irmã ciumenta dele que perturbava.
Parava, pensava, as vezes não pensava, ela o beijava, o amava, logo lhe machucava, ou não? não sabia, só imaginava, então ela ia embora.
Mês que vem voltava, não porque o tinha sempre que queria, mas porque aquele lhe causava uma sensação diferente e vinha o medo. Mas era ele, ela sabia que era ele. Ou não, tantas vezes achou saber e não foi.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Do Escrever

Minha alma perdida chora
chora um trauma obscuro
choro negro delineia traços
o choro se transmuta em
carvão e celulose.

Mãos inábeis criam palpites
tentando encontrar o sucesso
que expurgue os seus pecados.
-engolir o choro!

Expressão de vida, luta,
tentativa de libertação.
Desvelamento do ser
no ato de escrever.
O consolo da alma
Pela arte de contar,
chorar, bravejar e rir:

o consolo da alma solitária.


[Henrique Guimarães]

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Contradições a parte, amores piegas.

Aquela última noite tinha sido foda. Rolava pra um lado, rolava pra outro, tentava pensar em novas tentativas com velhos amores, mas não conseguia, só pensava naquele, aquele do último post, aquele das batatas fritas no aeroporto, que parecia bem irritado por ela ser estabanada. Sim, ele a chamou de estabanada,mas não mentiu, ela era mesmo.
Estabanada e uma característica que quem tivesse acabado de conhecê-la nunca concordaria, ela é inocente, inocente e boba, boba e tapada.
Levantou-se, como num susto, como se tivesse acabado de tomar uma decisão, e tinha tomado, a decisão de resolver tudo, já que ele era incapaz.
Observou, sentou-se na cama, pensou, verificou se todos na casa estavam dormindo, acendeu um cigarro, fumou maconha, ficou doidona.
Quando todo aquele efeito passou sentia-se mais corajosa e ligou pra ele, já passava das três da manhã, teve medo de mais uma vez ele rejeitar sua ligação, discou :

-ooi, porra, ta foda, não consigo dormir...

Ele não responde nada

-Alô, você está ai?
-Sim, estou com sono, diga o que queres!
-Eu errei, eu te queria, minha insegurança estragou tudo...
-Agora é tarde, o galo já está pra cantar, e você não é pra mim.

Ela chorava ouvindo tanta frieza.
Ele não ligava, tanto fazia se ela morresse amanhã ou hoje, ele estava se vingando.

-Não fala assim, eu quero você, eu fiz tudo errado, mas mereço uma nova chance, eu sei como te fazer feliz.
-Você sabe? não sabe. Eu refleti, observei, calculei, 95% das vezes tuas atitudes são infantis, vai embora, você não é pra mim.
Ela chora, chora pra ele não ouvir, talvez ele ouve, mas não a consola, fica mudo esperando ela por fim na conversa.

-Quando foi que você desistiu de mim? foi quando eu te agarrei, quando te fiz conhecer cada centímetro do meu corpo e não deixei você conhecer a minha boca e nem chegar perto do meu coração? eu não queria te machucar...
-Você não me machucou, você não fez nada pra mim, e nesse dia eu não liguei, era só mais uma que tentava me conquistar da maneira mais vulgar. Segue a tua vida, você ainda tem muito que aprender.

Ela nem acredita que está ouvindo aquilo tudo, resolve então seguir em frente, e joga fora a idéia de se tornar uma pessoa fria. Quer continuar demonstrando pros quatro cantos do mundo que alguém pode ser amado por ela, do jeitinho que ela quer demonstrar, sem nenhum medo de ser passada a perna.

-Vou te deixar em paz, não tenho mais nada pra falar.
-Tudo bem, boa noite


Se joga na cama, lamenta-se por tê-lo perdido, soluça, grita por ajuda pro Deus que ela acredita, a mãe dela escuta, como consolo diz todas aquelas coisas que ela sabia que não era verdade. Disse que ela era linda, que ainda ia ser feliz, que ia conseguir as coisas que aspirava, mas primeiro tinha que aprender a se amar.


No fundo ela sabe que isso é difícil, não aguenta e se enforca com a corda do vaso sanitário.

domingo, 27 de junho de 2010

falo daquele amor, aquele amor frio...

Ei achei dilacerante pra começar.
É, dilacerante. Eu sei que tu sabes o que é, mas eu falo o que o Aurélio diz que é rasgar em pedaços, torturar. Eu te torturei?
Calma, deixa que eu respondo. Eu não te torturei, nem te rasguei em pedaços, e eu imagino que tu tenhas sentido como se eu tivesse feito tudo isso, mas não fiz, juro que não.
Não! eu não vou te deixar falar hoje, eu quero te beijar, mas primeiro tu vais me ouvir, e me olhar, olha como estou bonita, me arrumei pensando em ti. Vem, chega mais perto e coloca teu nariz no meu cangote, sente como eu me perfumei pra ti, pintei até os lábios de vermelho paixão pra te borrar quando eu selar tua boca com o nosso primeiro beijo, aquele beijo que eu tanto evitei, mas que não consigo mais fugir.
Vem, senta no meu colo, eu não me incomodo com o peso só quero que tu ouças : eu te quero por perto, quero te amar, quero te fazer feliz, já que ninguém nunca me fez isso...
Olha pra mim, não se esquiva, não quero te machucar.
Lembra quando tu perguntaste se eu te queria e eu respondi funestamente que não? juro que fiz sem perceber, demorei dias pra notar que eu tinha te descartado sem querer te descartar.
Por que me pegaste pelo braço e me perguntaste, como se já soubesse a resposta? Ei, eu não ia dizer não... desculpa, eu entendi depois que te machuquei, eu sei que to me contradizendo, mas eu não queria, eu tava querendo ficar, mas tu me assustou. Não, não to querendo colocar a culpa em ti, mas tu desististe muito fácil, eu tava recém abalada, nada preparada e angustiada.
Não meu bem, não grita comigo.
Vem me abraça, dessa vez tem que dá certo...



[ele não liga, deixa ela falando sozinha, vai embora, rindo por dentro de ter se vingado, enquanto ouve música na avenida principal]

Eu não ligo, está tudo bem.

Os livros que eu não li. As músicas que eu não escutei. As pessoas que não me amaram quando eu amei. Foda-se.

sábado, 26 de junho de 2010

O inferno e as mãos.

Sai dentre o tormento, tudo coberto.
E fatalmente próximo ao deserto,
Teu tesão morre místico, estirado.
Explode e goza, “finde ensopado”

Contrai as pernas, o rosto, 'dentra estase.
E o torpor varre, tinge tal enlevo
Percebe e desejas teu carnal-sevo,
Rasga os lábios inertes dentre una fase!

O inferno é quente, trágico, liberta.
Escorre o filho Édipo em substância,
Endogamia mental. Ó júbilo orienta!

O tempo adormece e o lento passa inquieto.
Ó Fera transparente, sanguinária,
Culpa e afoga o mensageiro do incesto!

[Júlio Henrique]

Apreciação da Solidão

Num mundo plural, encontro-me bombardeado de todos os lados pelos mais variados tipos de influências que chegam a ser ofensivas de tão intrusivas. Isolar-se é uma opção de cura. O mundo permanece no caos inerte enquanto tento atravessá-lo. Em movimento contrário ao do mundo, em renuncia, eu ando com uma capa rasgada. Essa capa é a solidão. Protege-me da vastidão do incerto. Na mente lúcida e solitária o incerto perde sua força. Nesse estado de quietude primordial, soberana: com o cessar dos inúmeros eus se cruzando.
A capa balança ao gosto do vento dos fenômenos. Sofre quando a tempestade do desejo se aproxima. Rasgos que demarcam as batalhas perdidas. Momentos em que a solidão não foi forte o bastante. Cicatrizes do mundo.
O eterno retorno a si mesmo: costuras, remendas terapêuticas. A solidão como o método mais eficiente de terapia. Uma terapia de choque.

[Henrique Guimarães]

Cinzas

Nascida de um ato
a vida é posicionada nos lábios
o fogo da vontade a acende.
As primeiras tragadas, o sabor.
Entre a fumaça, o prazer e a dor.
Os dedos marcados se movimentam
queimados pelas cinzas,
conduzem a vida:
Mais um trago te ansia.
O mesmo fogo que a cria
vai consumindo-a devagar
No final apenas cinzas?
O que será que vai ficar?
Resta apenas no vazio
a fumaça dissipar.

[Henrique Guimarães]

quarta-feira, 23 de junho de 2010

L' infini

Amor que não dorme! Este tal infinito.
Circunspecções nos fazem “amantes”,
Sedes ádvenas nos desertificam
Refutando tudo que amei antes.

Há algo que habita em mim.
Que te faz fruto mefistofélico,
Que à torna epíteto: amor - eterno
Extensões e extensões de jasmim.

Tornei-me lascivo, impudico, obsceno,
Pacífico, cáustico, pleno.
Fundei-me novamente, tolo condizente,
Ínfimo, estático, incoerente.

Posso notar em seus tons - de boca e pele.
A paixão latente, do amor que não sacia,
A atração que emerge de ti sugere
Vontade que me irradia.

Há algo que insinua vida em ti.
Como uma obra prima de cores,
O paroxismo do sorrir
A ciência das tuas dores.

Tornou-se fogo-fulvo, turvo, fátuo,
Amplo, ígneo, árduo.
Mesclaram-se rosas, aromas, chaga,
Primícias, lágrimas, migalha.

Sussurrando em seu ouvido:
―“Mon âme éternelle, observe ton voeu”,
Contemporizo o prazeroso gemido,
― Deleite hirto que incinera do ser.

Em sonhos ordenei-te torpe.
Infringindo a lógica do seu interior
Senti tua carne, teu timbre,
Teu cheiro e o gosto salgado do teu suor.

― Rios entretons vazam do seu sorriso
Atando dessemelhante tonalidade
―Mortificando as ausências do riso
Tornando-a, eternidade...


[Júlio Henrique]

terça-feira, 22 de junho de 2010

Simple Things ♪

Pego meu cigarro, deito no divã, sou analisada e alisada pela minha analista (que sou eu mesma, ouvindo Belle and Sebastian.

bobagens bobas

Aquele domingo, na madrugada, me encontrava em uma sala vazia.
MENTIRA (tom de grito)
Aquele domingo, na madrugada, me encontrava em uma sala com dois sofás, uma estante com coisas velhas, uma TV, uns DVDS de filmes infantis, que não eram meus.

-Hoje estou bem.
-Ontem você também estava.(alguém lembrou)
-Hoje estou sozinha.
-Ontem você não estava.(alguém diz com a voz maliciosa)
-Hoje estou me sentindo feia.
-Sempre te acho linda e cheirosa.(alguém fala mansamente nos meus ouvidos)
-Hoje eu tenho livros e revistas pra ler, filmes pra assistir, e coisas pra fazer!
-Você sempre adia tudo isso.(alguém resmunga no meu ouvido)
-Hoje eu quero ser anônima!
-Você sempre quis aparecer e nasceu pra isso!(alguém descobre que eu fingi)
-Eu não tenho nada bom pra escrever ou contar...
Alguém lembra : - Você nunca tem.

Neurose s/a

"Aprende a sofrer Nathane, aprende a amar. Se liberta."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Impulsividade bate na porta.

Levanta, respira, pensa. Está excitada. Será que foi o filme? Mesmo no frio com temperatura abaixo de zero grau, ela sente vontade de tirar a roupa (os termometros nem mediam isso, mas o coração dela sim). Está vestida com várias peças, lembra-se disso e sente preguiça de se despir. Olha o escuro, respira fundo várias vezes, pensa nele. Ele? está a poucos metros, no banho, será que também está excitado? Imagina que sim, depois ela descobre que não. Enquanto ele se enxuga, ela se molha. Enquanto ele pensa em dormir, ela pensa em não dormir e dar um pulo na cama dele, ela dá.
Ele não pede mais abraço, talvez cansou.
Ela sente o coração bater forte, então inicia uma conversa, pergunta se o filme era bom, já que o sono não a deixou terminar de ver, ele sempre atencioso responde que sim, que gostava das características do Almodóvar.
Nossa, como ela o admira, mas não pode, essa é a hora de ficar só, ela não pode machucá-lo, ele não.
Após uma conversa curta comenta sobre sua excitação e ele pede um beijo, e ela responde que não e que só quer agarrá-lo. Ele diz : "me agarra então"

Talvez não soubessse que melhor seria não ter saido da sua cama, não ter dado trela pra sua excitação. Não conseguiu. Tirou a camisa e fez com que ele sentisse seus seios, suas mãos eram macias, ela gostou e queria beijá-lo, mas NÃO, não podia. Ficou nua, ficou louca, ficou muito molhada, queria ir até o fim, e ele queria amá-la. Ela não queria, não se achava digna do amor dele e agora de mais ninguém.
Ela insiste, ele não quer, não consegue, ou não lhe ver assim.
Ela pensa e admira, fica triste e vai dormir arrependida de não ter deixado o seu coração intacto para aquele moço que estava ali do seu lado, e que queria cuidá-lo. Ela sempre procurou alguém como ele, mas só achou depois que acreditou que não queria mais.


Então, pra embalar seu sono ela canta baixinho : Ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni ♪

quinta-feira, 17 de junho de 2010

A dona

Lavo os lençóis sujos das antigas paixões,
Permutado tem cheiro doce e angustiante.
Lavo-os com a água turva da infidelidade
Expectativas volvendo em conformidade.
Lavo teu rosto afogado em pranto-bucólico,
Disseco tuas lágrimas, alma que te ama
Sabes que não mais pode amar, mais ama,
E minha mente inconsequentemente exclama:
─ Ruma para o norte sem nos olhos penetrar!
─ Esquece tal sorriso, agora ruma além-mar!
E tal pergunta questiona-me, sufoca, toma o ar:
─ Como pôde tão insensivelmente enganar?
Excluindo-me da tua vida, me subjugando?
Durma com os teus amantes e oferece tua carne,
Depois de ser tomada esconda-me teu prazer,
Queima a roupa de cama branca, te faz medida
E o cheiro pecaminoso que emana possa conter.
Vai embora, cata as tuas coisas corre perdida
E viva ardentemente do teu corpo, oco!

[Lavo os lençóis sujos das antigas paixões,
Permutado tem cheiro doce e angustiante.
Lavo-os com a água turva da infidelidade
Expectativas volvendo em conformidade.
Lavo teu rosto afogado em pranto-bucólico,
Disseco tuas lágrimas, alma que te ama
Sabes que não mais pode amar, mais ama,
E minha mente inconsequentemente exclama:
─ Ruma para o norte sem nos olhos penetrar!
─ Esquece tal sorriso, agora ruma além-mar!
E tal pergunta questiona-me, sufoca, toma o ar:
─ Como pôde tão insensivelmente enganar?
Excluindo-me da tua vida, me subjugando?
Durma com os teus amantes e oferece tua carne,
Depois de ser tomada esconda-me teu prazer,
Queima a roupa de cama branca, te faz medida
E o cheiro pecaminoso que emana possa conter.
Vai embora, cata as tuas coisas corre perdida
E viva ardentemente do teu corpo, oco!

[Alba Winifreda]

Orgasmática

O coito que nos desvende!
Do instinto primitivo abuso,
Atracado, excitado, a fome reduzo.
No teu ouvido, de palavras te lambuzo,
Verso que nos une, prende.

Invadindo tua anatomia com ânsia,
Mãos à ventura,
Em meu colo encaixo tua cintura,
E teu respirar ofegante, “urra’’.
Arrancando, teu falar com jactância.

Próximo do orgasmo
Nada cruza a mente,
Esquece-se que é homem- ente
Burla-se à moral, em ato consciente.
Molho teu corpo com a língua, exploro-te, pasmo.

Em toda tua imensidão estudada,
Aventuro-me deitando sobre teu corpo,
Olhando nos teus olhos te sufoco,
No momento que te beijo, teu clitóris toco.

Minha devassidão aciona em ti
Descarga química de prazer,
Tocando-a posso sentir sem prever
O quanto queres “gritar” o vosso gemer.


[Alba Winifreda]

Ali, entre teu sexo.

Minha imaginação abrasou-se, de flama e luz.
Confuso em mente, teu sorriso homilia e se traduz:
―O que emula do teu corpo? Desejar-te ou amar-te?
Há algo de inóspito, que imita queda repentina – arte.

Vive a lamentar-se,
Não faça drama te quero na cama!
Vive a odiar-me,
Desgostou ou deixou de amar-me?

Sobre teu sexo lancei-me, queimando em ímpeto,
De sentir todas as tuas partes, me sentido inquieto,
Massageava minha sexualidade, deixava-me ereto.

Deitei sobre ti, estiquei tuas pernas, abocanhei teu cós,
Respirei no teu pescoço, beijei teus seios, penetrei tua vagina após.
Valerianácea, perfume sublime extraído de vós.



[Alba Winifreda]

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Menina-amarela


Você vai a casa dele, senta-se no sofá, se exibe porque sabe que está sendo observada.
"Faz o seguinte então, liga pra alguém!" (opina o pensamento covarde)
Ela cria diálogos bobos na cabeça, não está nervosa, esta CHA-PA-DA :O
"O quêêê, mas como se você não usa essas coisas?" (indaga o pensamento puritano)
Não liga, toma uma limonada, relaxa e decidi não mais ouvir aqueles inoportunos pensamentos.
Dias atrás ela estava triste.
"Dias atrás? dias atrás você nem vivia garota" ( relembra o pensamento indagador)
Para, olha, se mostra, primeiro os seios(acha a parte mais bonita do seu corpo), depois as coxas. Ela mostra sem querer.
"Sem querer nada, você quer dá pra ele, sua vaca." (grita o pensamento ofensivo e real)
Mesmo sendo ofendida, ela não liga, arranca a roupa do corpo e se lança, sem medo, sem pudor de parecer ser tão fácil, só desejando ser feliz.
Ela tem cabelos longos, lisos e amarelos, amarelo vivo, tão vivo quantos seus olhos, tão lindo como seu sorriso sem covinha, tão lindo como a maneira que encara a vida.
No fim ela não está tão satisfeita, o que queria mesmo era um amor todo dia. Mas ela é feliz, sem saber mas é.
"Como você sabe narradora?" (pergunta o pensamento desconfiado)
Simples, fui eu que criei a personagem, a conheço como ninguém.

domingo, 13 de junho de 2010

Cronicles

Acho que de uns tempos pra cá, virei adepta do tal “vou-me emborismo” de Bandeira. Essa minha melancolia se tornou perene. O que eu preciso é que e alguém entre dentro de mim, me pegue pela mão e me ajude a caminhar por entre minhas impressões.
Pois bem, esse alguém já o fez (aliás, ainda o faz), mas eu não sei disso, esse terreno está além de mim, eu não sou dona de mim a tal ponto. Eu sou tão grande que não cabo dentro de mim, então esse outro eu (que pode vir a ser “tu”, “ele” ou “eles”) me guia pela margem de mim mesma.
Eu já devia ter me acostumado a viver entre essa euforia felliniana e essa amargura bergmaniana há muito tempo. Vivo entre esses dois distintos estados de espíritos constantemente, embora eu não saiba. Meu outro eu sabe.
Ora disfarço minha amargura com esse oba-obismo, ora faço parada parada militar de meus desenganos.
Eu sou muito utópica em relação ao amor, embora eu não saiba. Nas minhas paradas militares, eu me mascaro, e vivo um baile de carnaval. Mas e quando chega a quarta-feira? Não sei com quem farreei. E aí? Aí é que entra o tal vou-me emborismo. Não tenho menor pudor em repetir minhas metáforas, embora eu não saiba disso. Meu outro eu sabe.
Eu queria ser mais racional. Queria ser um teorema de Pitágoras. Mas não sou eu quem manda na minha idiossincrasia. Quem sabe, todos esses outros “eus” sejam padrinhos dela.
Aí é que está a bagunça, meu outros eus não me despertam desse torpor em que vivo. Então eles me titerizam. Mas eu não sei nada disso.
Quando eu tomar conta de mim mesma, que choque será!
Descobrir tudo que sou sem o saber.
Mas eu recosto, frívola, as maçãs de meu rosto nas palmas de minhas mãos, apoiando os cotovelos em cima da mesa, apreciando a noite, abatida, sem saber o porquê de nada.
Eu queria que fosse sábado, mas eu nem sei disso. Vinícius sabe porque. Ele é ou pode vir a ser um de meus eus.
“Ai, bem melhor seria poder viver em paz, sem ter que sofrer, sem ter que chorar, sem ter que querer, sem ter que se dar...”
Se eu fosse amiga de rei, iria me embora, Juro que ia.
Eu sofro de um caso crônico de nostalgia, e disso tenho plena consciência. Saudade das alpercatinhas e dos macacões dos meninos. Eu tenho saudade disso. Será que tenho? Ou será isso uma peça pregada por um eu meu?
Acho que a distração é uma de minhas maiores inimigas. Meus eus devem me chamar:” Nathane! Nathane!”, e eu nem percebo.
As vezes é a preguiça de viver, ou medo das consequencias dolorosas que o viver possa me causar.


Quero gritar, quero me despir, quero matar, quero sentir o que haver de se sentir, quero chorar; Mas a porra toda é: Eu não sei disso, meus outros eus é que sabem.
Será que eu tenho uma Persona? Será que eu vou saber quando ela cair? Como vou me apresentar de cara nua frente a meus eus, tus, eles?
Preciso ser regida. Mas não por algum pedantezinho interesseiro, e sim por aquele que vai me esbofetear estreptosamente, que me humilhará pro meu próprio bem. Careço de ser maltratada. Em todos os sentidos. Quem não carece? Ai daquele que o carece sem o saber!
Mas, no fundo da minha ignorância enciclopédica, sou feliz. Brinco de ser triste, mas sou feliz, porque sei que tenho aqueles que, quando eu desatino, me levam pra sua casa, me dão banho, roupa e comida.
Benditos sejam os bons samaritanos, assim na terra como no céu!
Mas, quem disse que eu sei disso?

o pouco que sobrou.


Meio Raul Seixas, meio punk, meio bossa, meio Rock and Roll, meio Andy Wahrol, até meio Marylin Monroe.

Meio junkie, meio patricinha, meio esquentadinha, meio chatinha (totalmente chatinha), meio quieta, meio egoísta, meio equilibrista, totalmente sem noção. Meu cachorro não come ração, e nem eu. Mas meu gato come.

Meio sem noção, meio Paquistão, meio suja, meio limpa, meio boba, meio cheirosa, meio estranha, meio legal, meio sedutora, meio devoradora, meio esquiadora.

Às vezes meio Maria Bethania, quando acordo? Totalmente Maria Bethania, meio Noel quando quero me exibir, e às vezes imito a Piaf e fica meio parecido, meio lírico, meio folk, meio rouca no telefone, muito sexy ao telefone.

Meio estabanada, meio deslumbrada, meio Garota de Bauru, meio Cazuza, meio blues, meio jazz, meio samba, meio bolero e meio chiado da chinela (mentira)

Meio faladeira, meio cozinheira, meio rimadeira (aquela que faz rimas) e meias sujas com chulé sempre. E nas horas vagas eu sou meio Maria do Bairro misturada com Paola Bratcho, Brigitte Bardot e gato Félix.